Seg, 26 de Setembro de 2011 11:14 |
O caminho é longo e tem que ser passo a passo, mas aos poucos a dupla brasileira formada por Daniel Paiola e Hugo Arthuso vai conquistando importantes pontos no ranking mundial de olho nos Jogos Pan Americanos de Guadalajara e Jogos Olímpicos de Londres 2012. Depois de conquistarem a medalha de bronze no torneio da Guatemala, Daniel e Hugo repetiram a dose e ficaram com o terceiro lugar em dupla masculina também no Brasil Internacional de Badminton 2011 que terminou neste domingo no ginásio do Clube Athlético Paulistano em São Paulo. Os brasileiros foram derrotados pelos poloneses Adam Cwalina e Michal Logosz (cabeças de chave número 1 na dupla masculina) e perderam por 2 sets a 0, com parciais de 21-15 e 21-10. O resultado acabou com o sonho da dupla em chegar a uma final em casa, mas com os pontos obtidos no torneio, os brasileiros em breve deverão figurar entre as 40 melhores duplas masculinas do mundo. Os campeões do Brasil Com a eliminação dos brasileiros, os estrangeiros ficaram com todos os títulos do 26º Brasil Internacional de Badminton. A primeira final do domingo foi nas Duplas Mistas e envolveu Halim Ho e Eva Lee dos Estados Unidos que enfrentaram Glenn Warfe e Leanne Choo da Austrália. Os americanos que eram os favoritos ganharam o jogo sem grandes dificuldades por 2 a 0 com parciais de 21-11 e 21-15. Na sequência aconteceu a final de Simples Feminino entre Michelle Li do Canadá e Kana Ito do Japão que saiu do qualifying para conquistar a medalha de prata e mais uma vez comprovar a excelente fase de Michelle Li que já havia ficado com o primeiro lugar na Guatemala e confirmou o ouro também no internacional do Brasil. Michelle Li do Canadá é considerada também uma das grandes favoritas ao ouro nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara que começa no próximo 15 de Outubro. Já na simples masculino final entre ou europeus Yuhan Tan da Bélgica e de outro Przemyslaw Wacha da Polônia. O jogo foi bastante técnico e no final o polonês Wacha levou a melhor e venceu por 2 a 0 com parciais de 21-14 e 21-19. As duplas feminino e masculino encerram as finais. Primeiro foi o confronto entre as mulheres e mais uma vez Eva Lee pelo Estados Unidos e Michelle Li pelo Canadá estavam em quadra. Eva jogou ao lado de Paula Lynn Obanana e levou seu segundo ouro no Brasil Internacional vencendo Michelle Li, que jogou ao lado de Alex Bruce, por 2 a 0 com parciais de 21-14 e 21-17. Encerrando a competição, o jogo mais aguardado do dia que foi a final de dupla masculina entre os poloneses Adam Cwalina e Michal Logosz que jogaram contra Vladimir Ivanov e Ivan Sozonov. Um jogo duríssimo que durou quase uma hora e no final os russos levaram a medalha de ouro vencendo de virada por 2 a 1 (16-21, 21-14 e 24-22). Para conferir todos os resultados finais do 26º Brasil Internacional de Badminton, basta acessar o link: http://www.tournamentsoftware.com/sport/matches.aspx?id=C9F6900C-8D7D-4CBD-A230-5B1C6C8C4F6E. |
Foto: Divulgação/Divulgação
O acaso mudou a vida de Daniel Paiola. Não fossem três sinais, ou melhor, três sérias contusões no ombro direito, e o Brasil dificilmente teria chances de entrar no mapa do badminton mundial. Natural de Campinas, Paiola, 22 anos, sempre foi um entusiasta dos esportes de raquete. Dos oito aos 14 anos, esforçou-se para emplacar no tênis, até que uma infelicidade congelou suas pretensões.
"Por conta dos movimentos repetitivos, lesionei seriamente o meu ombro. Fui a três médicos e todos recomendaram que eu parasse com o tênis. Ou era isso ou acabava deitado em uma mesa de cirurgia", recorda.
Parou com o tênis, mas não com o gosto de praticar esportes. Paiola é inquieto. Em poucos meses, arranjou um jeito de continuar ao lado de sua inseparável raquete. "Dei meus primeiros passos no badminton no Fonte São Paulo, em Campinas. Me empolguei logo de cara. Diferente do tênis, o badminton é mais coletivo, mais cooperativo. Enquanto no tênis eu viajava quase sempre sozinho, no badminton eu compartilho tudo, viagens, experiências, em grupo".
Durante quatro anos, jogou por puro entretenimento. Mas a diversão deu lugar ao comprometimento quando Paiola, com apenas 18 anos, se viu na necessidade de viajar para fora do Brasil e aprimorar o seu jogo, recurso inadiável se aspirasse vingar no badminton.
"Não era a minha prioridade. Ainda estava em dúvida sobre que curso prestar na faculdade. Mas aí surgiu uma chance de ir treinar em Portugal com o Marco Vasconcelos (ex-jogador português), que tinha três edições dos Jogos Olímpicos na bagagem. Ele era recém-aposentado e propôs me instruir gratuitamente. Não tinha como recusar".
Mas engana-se quem pensa que Paiola teve vida fácil em Portugal. Foi preciso um enorme empenho para custear sua estada por lá. Em uma conta rápida, Paiola entrega que desembolsou cerca de R$ 40 mil durante um ano, período em que durou o seu "estágio" na Europa. "A realidade na Europa é completamente diferente da que temos no Brasil. Chega a ser chocante. Lá o badminton é sustento para muita gente. Percebi que tinha nascido no país errado".
Em 2009, Paiola regressava ao Brasil "reformado". Seus golpes estavam mais afiados, seu jogo mais fluente. Enfim, tecnicamente incomparável ao tempo em que deu suas primeiras raquetadas em Campinas. "Na Europa você aprende muito da estratégia de jogo, de jogar sem cometer erros forçados. A inteligência no jogo é muito trabalhada".
Os primeiros resultados começaram a aparecer. O título em Bogotá, Colômbia, o primeiro de grande expressão, foi o divisor de águas na carreira de Paiola. Seu talento já era notável, tanto que virou figurinha cativa nos principais torneios de badminton no exterior.
Em 2010, chegou ao 62º posto do ranking mundial, a melhor colocação de um brasileiro até então. O efeito pelos bons resultados foi imediato. "Depois que você é campeão, as coisas mudam. Hoje, o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) investe, dá todo o suporte".
O apoio da entidade máxima do esporte olímpico brasileiro colocou Paiola e mais três de seus companheiros para uma temporada de preparação na Malásia, uma das "mecas" do badminton mundial. "É a primeira vez que algo assim é feito pelo badminton brasileiro. Aqui na Malásia a fama do badminton é algo fora do comum. Os atletas daqui são tratados como estrelas, verdadeiros astros".
Em setembro, a comitiva deixa a Ásia para a disputa de torneios pelo continente americano. Os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, inclusive, é um dos principais desafios de Paiola. Seguro em suas previsões, o atleta admite que espera, no mínimo, duas medalhas no México. "A preparação para o Pan vem sendo intensa. A meta é ganhar uma medalha em simples e outra em duplas. Só de estar no pódio já seria um grande feito".
Além de uma participação honrosa no Pan, Paiola traça um outro objetivo ambicioso para os próximos meses: a vaga nos Jogos Olímpicos de Londres. "Tem muita coisa pra acontecer até maio (de 2012, quando se encerram os qualificatórios para os Jogos). Sou o 20º na lista de espera, mas quero continuar treinando muito, melhorando meus resultados", afirmou o 85º melhor do mundo.
Expoente do badminton brasileiro e forte candidato a prêmios no Pan de Guadalajara, Paiola não se curva à tentação do sucesso. "Não me considero herói, muito menos sonho ser reconhecido na rua. Se alguma vez servir de modelo para alguém, me sentirei feliz. Só estou fazendo a minha parte pelo badminton no Brasil".
Otimista, Paiola crê que, em menos de 20 anos, o Brasil será uma potência emergente do badminton. Tanta confiança tem um fundo de ciência. "Certa vez um técnico chinês disse que os brasileiros se tornariam os melhores do mundo simplesmente porque o segredo do badminton está nos pés, e nisso temos habilidade de sobra".
Fonte: http://esportes.terra.com.br/rumo-a-2012/pan-americano-guadalajara-2011/noticias/0,,OI5243523-EI17395,00-No+esporte+por+acaso+estrela+do+badminton+rejeita+rotulo+de+heroi.html
"Por conta dos movimentos repetitivos, lesionei seriamente o meu ombro. Fui a três médicos e todos recomendaram que eu parasse com o tênis. Ou era isso ou acabava deitado em uma mesa de cirurgia", recorda.
Parou com o tênis, mas não com o gosto de praticar esportes. Paiola é inquieto. Em poucos meses, arranjou um jeito de continuar ao lado de sua inseparável raquete. "Dei meus primeiros passos no badminton no Fonte São Paulo, em Campinas. Me empolguei logo de cara. Diferente do tênis, o badminton é mais coletivo, mais cooperativo. Enquanto no tênis eu viajava quase sempre sozinho, no badminton eu compartilho tudo, viagens, experiências, em grupo".
Durante quatro anos, jogou por puro entretenimento. Mas a diversão deu lugar ao comprometimento quando Paiola, com apenas 18 anos, se viu na necessidade de viajar para fora do Brasil e aprimorar o seu jogo, recurso inadiável se aspirasse vingar no badminton.
"Não era a minha prioridade. Ainda estava em dúvida sobre que curso prestar na faculdade. Mas aí surgiu uma chance de ir treinar em Portugal com o Marco Vasconcelos (ex-jogador português), que tinha três edições dos Jogos Olímpicos na bagagem. Ele era recém-aposentado e propôs me instruir gratuitamente. Não tinha como recusar".
Mas engana-se quem pensa que Paiola teve vida fácil em Portugal. Foi preciso um enorme empenho para custear sua estada por lá. Em uma conta rápida, Paiola entrega que desembolsou cerca de R$ 40 mil durante um ano, período em que durou o seu "estágio" na Europa. "A realidade na Europa é completamente diferente da que temos no Brasil. Chega a ser chocante. Lá o badminton é sustento para muita gente. Percebi que tinha nascido no país errado".
Em 2009, Paiola regressava ao Brasil "reformado". Seus golpes estavam mais afiados, seu jogo mais fluente. Enfim, tecnicamente incomparável ao tempo em que deu suas primeiras raquetadas em Campinas. "Na Europa você aprende muito da estratégia de jogo, de jogar sem cometer erros forçados. A inteligência no jogo é muito trabalhada".
Os primeiros resultados começaram a aparecer. O título em Bogotá, Colômbia, o primeiro de grande expressão, foi o divisor de águas na carreira de Paiola. Seu talento já era notável, tanto que virou figurinha cativa nos principais torneios de badminton no exterior.
Em 2010, chegou ao 62º posto do ranking mundial, a melhor colocação de um brasileiro até então. O efeito pelos bons resultados foi imediato. "Depois que você é campeão, as coisas mudam. Hoje, o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) investe, dá todo o suporte".
O apoio da entidade máxima do esporte olímpico brasileiro colocou Paiola e mais três de seus companheiros para uma temporada de preparação na Malásia, uma das "mecas" do badminton mundial. "É a primeira vez que algo assim é feito pelo badminton brasileiro. Aqui na Malásia a fama do badminton é algo fora do comum. Os atletas daqui são tratados como estrelas, verdadeiros astros".
Em setembro, a comitiva deixa a Ásia para a disputa de torneios pelo continente americano. Os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, inclusive, é um dos principais desafios de Paiola. Seguro em suas previsões, o atleta admite que espera, no mínimo, duas medalhas no México. "A preparação para o Pan vem sendo intensa. A meta é ganhar uma medalha em simples e outra em duplas. Só de estar no pódio já seria um grande feito".
Além de uma participação honrosa no Pan, Paiola traça um outro objetivo ambicioso para os próximos meses: a vaga nos Jogos Olímpicos de Londres. "Tem muita coisa pra acontecer até maio (de 2012, quando se encerram os qualificatórios para os Jogos). Sou o 20º na lista de espera, mas quero continuar treinando muito, melhorando meus resultados", afirmou o 85º melhor do mundo.
Expoente do badminton brasileiro e forte candidato a prêmios no Pan de Guadalajara, Paiola não se curva à tentação do sucesso. "Não me considero herói, muito menos sonho ser reconhecido na rua. Se alguma vez servir de modelo para alguém, me sentirei feliz. Só estou fazendo a minha parte pelo badminton no Brasil".
Otimista, Paiola crê que, em menos de 20 anos, o Brasil será uma potência emergente do badminton. Tanta confiança tem um fundo de ciência. "Certa vez um técnico chinês disse que os brasileiros se tornariam os melhores do mundo simplesmente porque o segredo do badminton está nos pés, e nisso temos habilidade de sobra".
Fonte: http://esportes.terra.com.br/rumo-a-2012/pan-americano-guadalajara-2011/noticias/0,,OI5243523-EI17395,00-No+esporte+por+acaso+estrela+do+badminton+rejeita+rotulo+de+heroi.html