sábado, 4 de fevereiro de 2012

Com títulos internacionais, projeto em Campinas leva o badminton a sério

03/02/2012 15h38- Atualizado em 03/02/2012 15h38

Destaque das Olimpíadas Escolares, Jeisiane Carvalho, de 12 anos, é uma das revelações do "Seareiros" e já sonha com os Jogos do Rio, em 2016.

Por Ana Carolina Fontes
Rio de Janeiro


Jeiseane Alves e sua parceira Jackeline Luz posam com suas adversárias peruanas no Sul-Americano da Colômbia 2011 badminton (Foto: Arquivo Pessoal)
Jeisiane Carvalho e Jackeline Luz posam com as
peruanas no Sul-Americano (Foto: Arquivo Pessoal)

Medalhas em competições no exterior trazem a esperança de melhores resultados para o badminton brasileiro e um futuro mais promissor para jovens carentes de um projeto social em Campinas (SP). No ano passado, o "Seareiros" conquistou um feito inédito: levou sete atletas para disputar o Sul-Americano pela seleção brasileira Sub-13, na Colômbia, e faturou três ouros, duas pratas e sete bronzes, colaborando para que o Brasil terminasse em primeiro lugar na competição. Na realidade, 11 alunos da entidade foram convocados, no entanto, apenas sete conseguiram financiar a viagem.

Criado há quatro anos, o "Seareiros" promove a inclusão social através do esporte. Um dos desafios da entidade é conseguir bolsas de estudos integrais em colégios particulares, a fim de garantir um futuro melhor para 114 crianças carentes, de sete a 15 anos, da comunidade de Vila Brandina. Além das aulas de reforço escolar, os alunos recebem assistência médica e psicológica de voluntários das áreas de saúde e educação. Segundo o idealizador e coordenador do projeto, Gilberto Pupo Nogueira, o "badminton social" é o futuro do esporte no Brasil.

- As grandes conquistas têm atletas oriundos de projetos sociais. O comprometimento de um menino humilde é maior que o de um menino que tem outras oportunidades. Ele se empenha até conquistar um lugar ao sol. Nós não tínhamos a pretensão de criar uma equipe competitiva, mas a entrega das crianças para esta oportunidade foi surpreendente, então resolvemos investir no esporte de alto rendimento. A ideia é elevar a autoestima de jovens e dar força para eles encontrarem o caminho da educação. A nossa vontade é que eles saiam daqui numa boa escola ou universidade - afirmou o coordenador, que mantém o projeto com doações de parceiros, amigos e simpatizantes.

Segundo Nogueira, o nome "Seareiros" é inspirado em uma passagem bíblica, que fala sobre os mutirões organizados por Jesus Cristo e seus seguidores com o objetivo de ajudar o próximo. Estes mutirões eram chamados de "searas", e quem fazia parte deles eram os "seareiros". De acordo com o idealizador, essa ideia tem tudo a ver com a proposta de trabalho do projeto, que faz do esporte um instrumento de transformação da sociedade.
- Somos "seareiros" da solidariedade e nos doamos em busca do desenvolvimento humano através do esporte, da nossa "seara" - explicou.

Jeiseane ALves jogando na seletivas paulistas das Olimpíadas Escolares no Ibirapuera (Foto: Divulgação)
Jeiseane durante as seletivas paulistas para
as Olimpíadas Escolares 2011, na PB
(Foto: Divulgação)

Uma das maiores revelações do "Seareiros" é a paulista Jeisiane Carvalho. A atleta começou a treinar em 2008, quando tinha apenas oito anos. Logo no primeiro ano, ela se destacou e foi convidada para treinar na Sociedade Hípica de Campinas, referência do badminton em São Paulo. No entanto, voltou para o "Seareiros" com a ampliação do projeto no bairro onde mora.

Apesar de ter apenas 12 anos, a menina já coleciona títulos importantes na categoria júnior. No ano passado, Jeise conquistou o lugar mais alto do pódio no Pan-Americano da modalidade, na Jamaica; o terceiro lugar no Sul-Americano da Colômbia, além de ter fechado a conta das Olimpíadas Escolares em João Pessoa (PB) com três medalhas (ouro nas duplas femininas, um bronze nas duplas mistas e outro no individual). O bom desempenho nas competições no Brasil e no exterior garantiram a ela uma bolsa de estudos na Escola Integral de Campinas.

Luiz França e Jeiseane no Pan-Americano Junior da Jamaica  Medalha de prata na categoria sub 13, modalidades duplas femininas ao lado de Vera Costa (Foto: Arquivo Pessoal)
No Pan-Americano da Jamaica, Jeisiane faturou a
prata ao lado de Vera Costa (Foto:Arquivo Pessoal)
- Fiquei muito feliz com os resultados que conquistei em 2011. O esporte estudantil é muito importante para tirar os jovens dos maus caminhos. Quero seguir carreira no badminton e vou continuar treinando para poder representar o país nas Olimpíadas, quem sabe em 2016, no Rio - disse Jeisiane.

Embora o maior sonho da menina prodígio seja participar de uma Olimpíada, o seu treinador, Luiz França, leva o assunto com cautela e freia expectativas para os Jogos do Rio-2016.

- É até possível que ela garanta uma vaga para representar o país em 2016, mas é mais prudente pensar nessa possibilidade nos Jogos de 2020, quando estará com 21 anos. A Jeise tem muitas chances de explodir no futuro, mas ainda é cedo para fazer previsões, ela ainda é uma criança. Mas, apesar de ainda ser muito nova, é uma atleta de inteligência tática e uma capacidade técnica impressionantes, tanto que já tem conquistado resultados expressivos - analisou França.

Fonte: GloboEsporte.com

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